A Isca De Satanás – O Corpo Feminino
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Succubus |
O homem ainda esta colocado
sobre um pedestal na História do medievo subjulgando a mulher como sua escrava
de deleite carnal, a História da igreja medieval construtora da civilização
ocidental foi feita por homens, assim o conteúdo deste texto é uma pequena
contribuição a imensa ignorância que há de ser desbravada pelos historiadores
sobre o que o corpo representou na idade média, sobretudo o da espécie fêmea
dessangrado e esquecido pelo próprio Deus da mundividência cristã.
A história do ocidente
medieval no que concerne o sexo é uma odisseia de auto- usurpação dos instintos
naturais primitivos, que, anacronicamente é necessário um julgamento de
condenação a este período tão devastador da humanidade que recai hoje na idade
contemporânea na prisão do super-homem de niezsche, além da moral, os homens e mulheres
foram privados a si.
O que seriamos sem Vesalius
pai da anatomia, sem as suas
dissecações? Um exemplo de cientista nesta afirmação anacrônica serve para
remeter aos tribunais religiosos, pois homens como ele foram perseguidos por quererem
estudar a si, ou seja o próprio corpo a luz das ciências.
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Tortura Inquisitorial |
Todas as regras morais
referentes ao sexo e o corpo são marcadas pelo controle silente da igreja
medieval que nos bastidores do poder soçobrava a alma humana, dizimando e
extirpando vidas via tribunais
religiosos como a inquisição, cada abalo da fé pela razão das ciências, um
concílio, cada concílio novas regras, estas
que servem para serem seguidas
pelo rebanho de ministros sagrados artistas instruidores da fé e da moral para
os leigos do medievo.
Do estudo das representações
do sexo e o corpo na idade média podemos conceber o quão a moral divina passou
primeiro pelas mentes de homens carnais, que em seus interesses dentro de uma
sociedade marcada pelo teocentrismo
souberam manter o poder, conservando
os costumes, e que trazendo para os dias atuais percebe-se as marcas de como a
história nos diz muito sobre quem somos hoje.
O corpo na sociedade ocidental
de hoje esta enaltecido e muitos buscam
o ideal romano de beleza, outrora era a porta do inferno e ao mesmo tempo
exaltado, para nos projetarmos ao futuro e concebemos a representação de nossa
própria carcarça em fenecimento é necessário um mergulho no medievo e dele
tentar extirpar as sementes para entendermos os porquês da nossa moral atual.
Assim os escritos a seguir tratam da representação do corpo feminino no período da idade média, que servem para entender como a mulher foi satanizada ao longo dos séculos, tendo como referência a igreja católica, instituição de poder estatal que determinou muitos dos preceitos morais dos quais a nossa sociedade ocidental segue hoje,visto que a mesma foi uma grande construtora "civilizadora" de pilares morais, dizimando e impondo os valores cristãos aos povos dos quais sua cruz teve contato.
Começo então com um pensamento de um Arcebispo da igreja católica, que afirmou em uma pequena sentença o que representava a seu ver o deleite sexual do corpo, é interessante
sua observação, pois assim adentramos na mente de um homem que viveu inserido
no contexto da problemática medieval, Anselmo De Cantuária assim afirmou:
Existe um mal, um mal acima
de todos os males, que tenho consciência de que esta sempre comigo, que
dolorosa e penosamente dilacera e aflige minha alma. Esteve comigo desde o
berço, cresceu comigo na infância, na adolescência, na minha juventude e sempre
permaneceu comigo e não me abandona mesmo agora que meus membros estão
fraquejando por causa da minha velhice. Este mal é o desejo sexual, o deleite
sexual, o deleite carnal, a tempestade de luxúria que esmagou e demoliu minha
alma infeliz, sugando dela toda a sua força
e deixando-a fraca e vazia. ( Sexo, Desvio e Danação PG.43)
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A criação de Adão, Michelangelo. |
No período do medievo, do século V ao XV o mundo ocidental
estava mergulhado em um teocentrismo profundo sendo este a mundividência
dominante, assim Deus, via
homens seletos da igreja medieval eram
quem davam as respostas para as dicotomias
existenciais e anseios da época, doenças como a peste negra, tortura, morte, medo do inferno,inquisição,perseguição,ascetismo
tudo isso dentre outros eventos marcavam
o medievo acarretando assim em um mundo onde Deus é soberano e responsável por tudo o quanto afligia a sociedade.
Para conectar-se a Deus e pedir
a remissão dos pecados para tantas desgraças que por vezes não tinham
respostas para a sociedade medieval, o corpo era uma das vias no qual deveria ser provado a uma abnegação
flageladora. São Gregório Magno, qualificava o corpo de abominável vestimenta
da alma. para conexão com o divino o corpo deveria ser exaurido e dessangrado para
o revigoramento do espírito.
O movimento flagelante(um certo de tipo de sadomasoquismo cristão) por exemplo
foi um grupo místico cristão que durante os séculos XIII e XIV na Europa defendiam
que a prática da flagelação lhes permitiria expurgar os seus pecados, atingindo
assim a perfeição do ser, de maneira a serem aceitos no reino dos céus, movimentos
assim surgiam como respostas para explicar os porquês da época, no século XIV a
peste negra doença responsável por uma das mais trágicas epidemias que
assolaram o mundo Ocidental dizimou 1/3 da população, assim Deus era visto como
agente de grandes desgraças, tudo o que acontecia de ruim a humanidade seria um
castigo de Deus, castigos estes que eram enxergados como
pecados, para expurgar estes “pecados”
muitos dos flagelantes além de martirizar o corpo perseguiam e matavam pessoas,
o ocidente assim vivia em uma total nostalgia espiritual de prostração ao
divino.
A busca pela civilização do corpo estava presente em quase tudo: os
costumes, hábitos, modos de ser,alimentações,
nudez, indumentárias, o banho, os gestos, as formas de copular-se, ou seja as posições
sexuais grande parte destas civilidades dadas ao corpo provinha dos
ensinamentos cristãos, e que surgiram
com os teólogos da igreja, com os concílios, estes onde os ministros sagrados
formulavam leis a ser seguidas pela sociedade medieval, o interessante de se
observar é que a figura de Cristo fica longínqua diante das pregações e leis
morais até hoje presentes no mundo ocidental, visto que certas pregações não
são registros do próprio Cristo mais sim de pensadores como Santo Agostinho,
Santo Anselmo, São Tomas de Aquino, monges entre outros.
A comparação das leis da igreja com Cristo apenas incita a refletir sobre o sagrado, visto que ele é representado como símbolo maior sendo o
próprio Deus, e o próprio não
determinou as regras e sim homens de
natureza humana que na busca da perfeição espiritual formulavam regras
ascéticas intangíveis, que os que buscavam atingi-las passavam por uma ardente provação
ardente de fulgor sexual.
Das leis morais pode-se dizer que houve varias
consequências de comportamento humano como o
homossexualismo no seio da igreja,
consequência porque hipocritamente era o fruto das privações carnais como
o celibato, das quais passavam os ministros sagrados, a sexualidade segundo os ensinamentos cristãos era dada as
pessoas exclusivamente para objetivos de procriação e por nenhum outro motivo
deveria ser visto com prazer, pois remetia ao pecado.
As teorias sobre o papel da mulher haviam sido
desenvolvidas pelos padres da igreja a mulher era filha e herdeira de Eva, a
fonte do pecado original e um instrumento do diabo, era vista como inferior,
vista que fora criada da costela de adão e diabólica por incita-lo a pecar
e ser expulso do paraíso , a mulher tinha um caráter maligno e precisava ser disciplinada, o casamento era
uma via na qual a Intervenção da igreja era forte, o matrimonio negava a ânsia
da copulação, casar-se era uma sacralização total para o corpo, dentro do casamento era imposto que os
parceiros confessar-se periodicamente.
O culto a virgem Maria por exemplo propiciou as mulheres dois
modelos de função “enobrecedores” para época , ou seja de caráter nobre, dado pelos reguladores morais da igreja medieval e que
deveriam ser seguidos, a virgindade era enxergada de uma forma através da qual
a mulher poderia resistir de modo mais absoluto ao pecado de Eva, o casamento
assim era o destino esperado das
maiorias das mulheres.
No mundo medieval as mulheres
eram adoradas. Mas também
despertavam aversão e repugnância, era um
mundo no qual os padres acusavam seus rebanhos de fornicação e onde bispos
enriqueciam com a prostituição e as virgens se casavam com cristo.
Para igreja medieval nada era
mais ofensivo que o prazer sexual:
“O imundo abraço da carne exala
gases, e contamina qualquer um que se entregue a ele, ninguém pode escapar
ileso da mordida do prazer.”
( Gerald Of Wales)
No que concerne o casamento
sobre os preceitos morais este sustentava a igreja e foi sacralizado para uma
maior intervenção na vida pessoal dos casais medievais, o ato do casamento não
autoriza o sexo exacerbadamente, a união conjugal era vista pela igreja apenas como forma de procriação da espécie, e
grande parte dos relacionamentos eram disciplinados por tribunais religiosos.
A igreja regulamentava quando,
onde e com quem o sexo podia ser feito e quem infringisse as regras era
castigado, as regras de conduta moral sobre o sexo eram regidas e espalhadas
pela Europa pelos ministros sagrados, como os monges-escribas e os papas, o
Papa Inocêncio III por exemplo fez uma grande intervenção nos assuntos pessoais
da sociedade medieval, ao convocar o IV Concílio de Latrão onde proclamou-se
dogmaticamente doutrinas sobre os sacramentos, um deles foi a confissão dos
pecados anualmente, este foi um ato para ajudar o clero a acabar com a “depravação”
o clero é a parte responsável pelos cultos religiosos e a doutrinação dos fies,
então sabendo-se das angustias espirituais era mais fácil para igreja intervir
com mais facilidade nos assuntos referentes ao sexo.
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A Tentação Carnal |
Um concílio é uma reunião de
autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões
pastorais de doutrina, e sobretudo moralismos, valores, regras e costumes. Os
concílios são um esforço comum da
Igreja, para a sua própria preservação e defesa, e grande parte dos concílios
foram convocados pela igreja medieval quando esta se sentia ameaçada.
Por fim espero que destes pequenos escritos tenha ocorrido em sua mente que a moral por vezes é determinada pelas rédias do poder, e no que concerne o sexo na idade média a igreja católica instituição de poder dominante foi quem determinou as diretrizes. Estas das quais recaem hoje no que consideramos certo ou errado.
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"A moral e a ética são duas invenções humanas que dependem muito do espaço geográfico que você ocupa." | |
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Muito bom teu blog!
ResponderExcluirTalvez se interesse: http://hotmart.net.br/show.html?a=a168880R
Remo.